
Quando Pitico caiu do ninho há três anos, tombando no terreno da dona de casa Nair de Souza, a moradora tratou de protegê-lo de Chiquita, temerosa de que o felino fosse abocanhá-lo. A avezinha estava duplamente indefesa. Além de passarinho, alvo dileto dos felinos, o bem-te-vi tinha um problema de nascença: suas asas não se desenvolveram como a de seus irmãos, que na mesma época deixaram o ninho voando. Conseguia apenas dar pulinhos, recurso ineficiente em caso de um ataque de Chiquita. Para surpresa de Nair, Chiquita e Pitico tornaram-se amigos desde o início. Inclusive passaram a comer no mesmo prato - o pássaro até virou carnívoro por causa de sua amiga.
Os dois dormem no sofá da sala, trocam carícias e brincam no pátio. A gata, porém, não perdeu o apetite por pássaros e usa seu companheiro de isca para abocanhar pardais. O único momento do dia em que Chiquita se separa de seu amigo é quando Pitico vai tomar seu banho em uma bacia improvisada, mas mesmo assim a gata não tira os olhos de seu companheiro bem-te-vi.

O instinto maternal de uma cadela da raça rottweiler surpreendeu até o dono, em Rio Claro. Ela adotou um filhote de gato, tradicionalmente considerado um inimigo dos cães.
"É uma demonstração de amor e carinho. Tanta gente abandonando o filho e uma cachorra cuidando de um animal que nem é da espécie dela", diz o funcionário público Rhander Seneme, dono dos animais.
Ele conta que ganhou a gata e até ficou com medo que Dara, a cachorra, a matasse. "Para nossa surpresa, no segundo dia que a gatinha estava aqui, a Dara pegou ela dentro de casa, num descuido meu, e a levou para a casa dela".
Dara está até amamentando a gata, em sua gravidez psicológica. "Ninguém mais cuida da gatinha. Agora só a Dara cuida da filha dela", diz Seneme.
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